É TUDO CULPA DA CARÊNCIA

Há tempos penso em escrever algo assim. Algo que retrate um pouco de cada um de nós e da Humanidade inteira, ao mesmo tempo. Queria abordar uma característica inerente a todo e qualquer ser humano, independente de sexo, raça, cor, classe social, e, estado civil...
Observando os comportamentos e os discursos de inúmeras pessoas durante algum tempo, descobri enfim, qual o tema mais apropriado para abordar aqui e, pasmem: carência. Ufa! Eis aí a questão!
Nossa senti-me tão suprida ao descobrir isso. Senti que finalmente eu poderia desabafar por meio das palavras e jogar no papel tudo aquilo que, de certa forma me sufocava. Eureka! Eu não agüentava mais guardar essa descoberta só para mim. Eu via em tudo e em todos, o reflexo, as conseqüências e em muitos atos lá estava ela teimando em se mostrar, mesmo se, inconscientemente, alguém buscasse escondê-la.
Certa vez eu estava numa festa com meu novo namorado. Ele resolveu me apresentar sua melhor amiga – de infância. Nada demais teria acontecido e eu não teria um exemplo para citar agora, se, e, somente se, ela não tivesse aberto a boca e dito: “só preciso te avisar que na vida dele os dois primeiros lugares já estão ocupados. No primeiro está a mãe dele e em segundo, estou eu”! Fiquei pasma, e, a princípio considerei aquelas palavras, de uma tolice fora de série. E inteligente que sou eu poderia ter aproveitado a deixa e descascado aquela pobre tolinha que ali se encontrava, olhando pra mim, como quem profere o argumento mais perfeito e sábio. Caraca! Sem precisar contar até dez, raciocinei ligeiramente e consegui ser polida, sorri “amareladamente”, respirei fundo e pensei: ô carência!
Concluí que as pessoas, mesmo que tenham quase tudo de que precisam para viver bem, jamais conseguirão emergir desse sentimento. Não há força capaz de livrar-nos totalmente das carências que nossa humanidade nos impõe.
...E assim prossigo observando os surtos de carência inerentes a todos os seres humanos... Ninguém escapa de um surto de vez em quando!